Resumo: | Comumente se atribui o nome de “barbeiro”, dado ao triatomíneo transmissor da doença de Chagas ao homem, ao fato do inseto picar principalmente a face por ser a mesma mais acessível, em virtude de permanecer descoberta durante o sono. A associação de face com barba teria dado origem à denominação de “barbeiro”. Esta explicação, no entanto, não parece correta. O próprio Carlos Chagas que a mencionara em seu primeiro artigo escrito em alemão, em 1909, descartou-a no trabalho seguinte, escrito em português em 1910, e concluiu que o nome de “barbeiro” estaria relacionado com a função deste profissional de praticar sangrias e aplicar sanguessugas no passado.Na história da medicina brasileira dos tempos coloniais, o profissional barbeiro, além de cortar o cabelo e a barba, era um humilde profissional da medicina, cabendo-lhe, entre outros misteres, praticar a sangria, então usada como panacéia para todas as doenças. “Em numerosas vilas e povoados, o barbeiro foi, por muito tempo, o único profissional da medicina existente”, registra o historiador Lycurgo Santos Filho. A literatura médica realça a espoliação de sangue como um dos aspectos mais importantes na transmissão vetorial da doença de Chagas. O inseto, ao sugar o sangue de sua vítima, imita o profissional barbeiro quando este realiza uma sangria e não quando corta a barba de seus clientes. Embora aceita pela maioria das instituições oficiais de saúde, os autores discordam da interpretação de atribuir o nome de “barbeiro” dado ao inseto por ele picar mais vezes a face e defendem a que foi dada por Chagas em seu trabalho de 1910, segundo a qual o nome procede da prática da sangria por aquele profissional no passado.(AU).
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